Um robô que escreve textos inteiros com um mínimo de instrução e substitui todo o trabalho humano. Será esse mesmo o propósito do Robot GPT-3? Continue lendo para saber mais sobre o projeto do OpenAI.
O que é Robot GPT-3?
O GPT-3 foi desenvolvido pelo OpenAI, um laboratório de pesquisa sobre inteligência artificial, com base em machine learning. O projeto, que redige textos por conta própria, entrou em fase beta em julho de 2020, e muito tem se falado sobre sua capacidade de desenvolver redações coerentes como um humano.

O Robot GPT-3 consegue desenvolver textos a partir de pequenas informações introdutórias, utilizando mais de 175 bilhões de parâmetros. São 45 Terabytes em treinamento e quase 500 bilhões de palavras. Entre as tarefas que conseguiu desempenhar com sucesso, encontram-se tradução, perguntas e respostas, e completação de lacunas, além de decifrar segredos.
Quem é o OpenAI?
O laboratório sem fins lucrativos por trás do GPT-3 foi lançado em 2015 e possui sede em São Francisco, Estados Unidos. Entre seus fundadores, encontramos nomes importantes e facilmente reconhecíveis quando se trata de inovação:
- Peter Thiel (Cofundador do Paypal)
- Elon Musk (conhecido pela Tesla e o SpaceX) – saiu em 2019.
Glossário
Antes de prosseguirmos, algumas explicações importantes sobre os termos utilizados neste artigo:
- GPT: Generative Pre-trained Transformer, um modelo linguístico que produz textos a partir da coleta e processamento de bilhões de dados.
- Input: informações providas ao GPT-3 para que gere textos.
- Machine Learning: trata-se de um campo da inteligência artificial, em que máquinas (como o GPT-3) adaptam e melhoram seus resultados por meio de treinamentos. Assim, em vez de sempre gerar um mesmo resultado, a tendência é que esse vá mudar por meio de reconhecimento de padrões.
Como o Robot GPT-3 funciona?
O modelo gerador de textos GPT-3 recebe uma descrição da tarefa a ser completada e pode gerar texto a partir dela, com o fornecimento de um ou mais exemplos. É justamente essa possibilidade de inferir algo mais preciso a partir desses exemplos que o torna mais avançado que modelos anteriores.
Só como exemplo, uma simples solicitação pode fazer o GPT-3 gerar um texto completo em poucos segundos. Dependendo do input, o texto resultante pode imitar características de autores específicos, ou falar sobre um tema de forma analítica.
Exemplos de aplicações
Entre os resultados já publicados, selecionamos alguns para exemplificar o trabalho do GPT-3 de forma mais direta. Assim, podemos ter uma ideia de suas aplicações:
Mudança de tom: O usuário do Twitter @maraoz publicou seu trabalho com a ferramenta reescrevendo e-mails. Onde a escrita era demasiado rígida ou mal-educada, o gerador criou um texto cordial e sem erros.
Design: por meio do treinamento correto, um outro usuário (@sharifsgameem) foi capaz de fazer um gerador automático de layout em JSX (derivado do Javascript) para criar elementos de web design. No entanto, o resultado não foi mais do que simples, além de ser limitado em alguns aspectos.
Obituário: sim, um repórter criou um modelo de obituário a partir de exemplos e o GPT-3 foi capaz de gerar um original bastante comovente e certeiro.
O Robot GPT-3 pode tomar o lugar dos humanos?
Embora esteja sendo considerado um avanço promissor, e definitivamente uma melhora em relação ao GPT-2, o Robot GPT-3 está longe de ser livre de falhas. A melhor maneira de analisarmos isso é por meio de uma avaliação um pouco mais crítica do seu uso.
Como um exemplo muito conhecido, o teste do The Guardian indica que todo o artigo foi produzido pelo gerador de textos. A princípio, o resultado impressiona por todo parágrafo e frase demonstrar conexão. Não só isso, como encontramos também citações e reflexões que parecem as de um humano.
No entanto, parte da surpresa se esvai por conta de alguns detalhes:
- Um parágrafo inteiro de tradução foi introduzido no Robot GPT-3, e foi utilizado no texto.
- O artigo final é uma combinação de 8 diferentes resultados, não divulgados.
- Houve uma edição completa, incluindo cortes de linhas ou parágrafos.
Essa única experiência demonstrou que foi necessário trabalho humano no desenvolvimento e na edição do texto. Como não houve divulgação, não sabemos como teria sido o resultado sem intervenções.
Além disso, apesar de a coerência impressionar, está longe de ser um artigo de nível profissional. Não raro, o resultado será o mesmo com ferramentas já disponíveis para geração de texto, com a aplicação da edição humana.

Quais são as promessas desse modelo?
Embora não pareça que vá eliminar o trabalho humano completamente, o GPT-3 foi capaz de gerar textos que apenas 12% das pessoas que os leram (“Figure 3.14”) conseguiram identificar como sendo de origem automática.
Além disso, por meio de machine learning, a ferramenta é capaz de gerar textos com a estrutura utilizada por pessoas específicas. Isso remete tanto a atividades com termos específicos, como a advocacia, quanto à imitação de celebridades e pessoas públicas.
Longe da perfeição, mas no caminho certo, especialmente como auxílio e não ferramenta única na produção de textos, o GPT-3 também oferece alguns riscos.
Riscos e desvantagens do GPT-3
Não é só a questão de substituição dos empregos dos humanos, que vimos não ser o caso, que pode preocupar a respeito do GPT-3. Na verdade, seus próprios desenvolvedores apontam alguns riscos com o desenvolvimento da inteligência artificial. São exemplos:
- Abuso de processos legais
- Criação de fake news
- Fraudes em produções acadêmicas
- Spam e atividades de phishing
Por esse mesmo motivo, o GPT-3 não foi liberado para o grande público. Em vez disso, porções menores são liberadas aos poucos, com uma constante avaliação dos riscos.
Ainda em termos de riscos, parece pouco provável que o GPT-3 vá ser mais do que um passo em direção ao desenvolvimento da inteligência artificial. O seu futuro pode ser tornar-se parte de outros programas, como os produtos da Microsoft, atualmente parceira do OpenAI.
Resumo
- O GPT-3 pode ser considerado um passo adiante em termos de machine learning e geração de textos. No entanto, não está livre de falhas e dificilmente é uma ameaça às profissões atuais.
- Por meio da introdução de elementos e da edição humana, os resultados obtidos com o GPT-3 podem ser satisfatórios.
- A ferramenta não é amplamente oferecida ao público por conta de riscos como criação de notícias falsas e fraudes acadêmicas.
- A Microsoft possui uma parceria com o OpenAI, o que indica que os seus produtos poderão fazer uso dessa tecnologia no futuro.
- O avanço tecnológico permite resultados surpreendentes, mas não perfeitos e muito menos equiparáveis ao pensamento abstrato humano. Em geral, podemos considerar o GPT-3 uma ferramenta, não um gerador autônomo.